quarta-feira, 10 de agosto de 2011

RENASCIMENTO

O RENASCIMENTO

1. CONCEITO E ORIGEM.
O Renascimento surgiu na Itália, sendo caracterizado como um movimento de mudança na maneira de pensar e entender o ser humano e o mundo dos europeus. Espalhou-se pela Europa ocidental entre os séculos XIV e XVI, essa nova maneira de pensar baseou-se na cultura greco-romana e renovou a literatura, a arte e a ciência a partir da Baixa Idade Média.

2. REVISANDO: A MENTALIDADE DOS EUROPEUS ANTES DO RENASCIMENTO.
Era fortemente influenciada pela Igreja Católica: havia o teocentrismo (Deus é o centro do universo). Isto é, interpretação do homem e do mundo devia ser feita de acordo com o pensamento religioso.
4. POR QUE O RENASCIMENTO SURGIU NA ITÁLIA:
 graças à existência de muitos ricos (burgueses comerciantes, príncipes e até reis e papas), que patrocinaram os artistas. Estes patrocinadores foram chamados de mecenas. Lembrando: muitos burgueses, devido à reabertura do Mediterrâneo (graças às guerras das Cruzadas, lembra?) queriam se destacar na sociedade. E, por isso, apoiaram, principalmente, a arte renascentista;
 a Itália havia sido o centro do Império Romano e do Império Romano do Ocidente. Portanto, a cultura greco-romana estava muito presente em esculturas, pinturas, prédios,..., nas cidades italianas;
 muitos sábios, portadores da cultura grega e helênica, foram se instalando na Itália ao longo do tempo. Essa chegada de novos sábios foi intensificada pela tomada de Constantinopla, em 1453, pelos árabes turco-otomanos;
 a Itália praticava, há muito tempo, o comércio com os árabes. Portanto, muitos conhecimentos e inventos das civilizações muçulmana e do Oriente chegavam aos italianos, influenciando a arte e a ciência;
 o desenvolvimento da imprensa (Johann Gutenberg) também favoreceu o Renascimento, pois a divulgação dos novos conhecimentos ficou mais acessível às pessoas através da edição de livros pela tipografia (os livros, antes, eram todos escritos à mão e eram muito caros).

3. CARACTERÍSTICAS GERAIS DO RENASCIMENTO:
 humanismo – retomada do estudo da língua e da literatura da Grécia e Roma antigas;
 antropocentrismo – o homem é o centro do Universo, ao contrário do teocentrismo;
 racionalismo – a interpretação do ser humano e do mundo através da razão;
 naturalismo – valorização da natureza. Portanto, a realidade deveria ser retratada como o máximo de perfeição nas artes;
 individualismo - o indivíduo passa a ser mais importante do que a coletividade (lembre-se: o comércio crescia cada vez mais e, consequentemente, os lucros da burguesia também. Isto favorecia a competição entre os homens, portanto o individualismo crescia também);
 nacionalismo – exaltação daquilo que pertence à nação, ao país (a língua, a cultura,...). Por isso, muitos reis também irão apoiar o Renascimento.

4. COMO O PENSAMENTO RENASCENTISTA FOI DEMONSTRADO NA ARTE (PINTURA E ESCULTURA):
 destaque para o corpo humano na escultura e na pintura, devido aos estudos de anatomia;
 uso da técnica de perspectiva, do efeito claro-escuro e das sombras;
 exploração de outros temas, inspirados na mitologia clássica, nas cenas do cotidiano;
 pintura também de retratos, bustos e estátuas de personalidades da época ou mesmo de burgueses que encomendavam as obras;
 assinatura do artista em suas obras, abandonando a humildade e o anonimato medieval, ao mesmo tempo em que buscava destaque na sociedade individualista e competitiva que surgia na Baixa Idade Média.

5. QUAIS FORAM AS MUDANÇAS QUE O RENASCIMENTO PROVOCOU NA CIÊNCIA?
O Renascimento provocou um grande impulso no estudo do homem e da natureza. O universo passou a não mais ser aceito como obra do sobrenatural. Assim, graças ao antropocentrismo e ao racionalismo, os cientistas desenvolveram cada vez mais o espírito de observação e de livre interpretação da natureza e do homem. O que levou, por sua vez, a novos métodos de pesquisa e experimentação.
O cientistas do Renascimento – Nicolau Copérnico: teoria heliocêntrica em oposição à teoria geocêntrica; Johann Kepler (enunciou várias leis da mecânica celeste); André Vessálio, Sylvius, Eustáquio e Falópio (dissecação de cadáveres para estudos de anatomia); Paracelso (criou a medicina química); Ambroise Paré (descobriu a laqueação das artérias, que substituiu a cauterização pelo ferro em brasa nas amputações); Guilherme Harvey (descobriu a grande circulação do sangue); Miguel Servet (descobriu a pequena circulação do sangue e a circulação pulmonar pelas artérias); Galileu Galilei (desenvolveu o telescópio, reafirma a teoria heliocêntrica de Copérnico); Francis Bacon (criação do método experimental).

PARA SABER UM POUCO MAIS: texto adicional
OS PRINCIPAIS ARTISTAS E ESCRITORES RENASCENTISTAS
Renascimento na Itália – Arte: Giotto; Leonardo da Vinci (Monalisa, Santa Ceia, Virgem dos rochedos, experimentos nas mais diversas áreas); Miguel Ângelo Buonarroti (David, Moisés, O escravo acorrentado, Pietá, Cúpula da Basílica de São Pedro, afrescos no teto da Capela Sistina, em Roma); Botticelli (Alegoria da Primavera, O nascimento de Vênus); Ticiano (retrato de Carlos V, Descida da Cruz; Tintoreto (Glória do Paraíso; Rafael Sanzio (Escola de Atenas e Madona Sistina, além de outras madonas e de retratos dos papas Júlio II e Leão X). Literatura - Dante Alighieri (Divina Comédia); Giovani Boccaccio (O Decameron); Gianozzo Maneti (Da dignidade e excelência do homem); Maquiavel (Comentário sobre os primeiros dez livros de Tito Lívio, A mandrágora, O Príncipe).
Renascimento na França - Literatura: François Rabelais (Fatos e Proezas do muito renomado Pantagruel, A Vida inestimável do grande Gargântua); Montaigne (Ensaios).
Renascimento nos Países Baixos – Arte: Jan Van Eyck (A Virgem e o Menino, com o irmão Hubert pintou o painel A adoração ao cordeiro); Pedro Paulo Rubens (Vênus e Adonis, Descida da Cruz, Casamento de Maria de Médicis); Hieronymus Bosch (O jardim das delícias); Pieter Brueghel (Casamento de Camponeses, Massacre dos inocentes, Cego guiando cegos). Literatura: Erasmo de Rotterdam (Elogio da Loucura).
Renascimento na Alemanha – Arte: Albert Dürer (Cristo Crucificado); Hans Holbein (Henrique VIII, Retrato de Erasmo);... Literatura: Hans Sachs (Rouxinol de Wittemberg).
Renascimento na Inglaterra – Literatura: Thomas Morus (Utopia); William Shakespeare (Sonho de Uma Noite de Verão, Romeu e Julieta, Otelo, Macbeth, Ricardo III, Henrique VIII, A Megera Domada, O Rei Lear).
Renascimento na Espanha – Arte: Domênico Theotocópuli “El Greco” (Crucificação, Enterro do Conde de Orgaz, São João Evangelista). Literatura: Miguel de Cervantes (Dom Quixote de La Mancha);...
Renascimento em Portugal – Literatura: Luís Vaz de Camões (Os Lusíadas) .
A REFORMA PROTESTANTE
1. CONCEITO E ORIGEM.
A Reforma foi um movimento religioso de protesto e ruptura (rompimento) com a Igreja Católica no século XVI, provocando a quebra da unidade do pensamento ocidental religioso e fazendo surgir novas religiões cristãs, como a Luterana, a Calvinista e a Anglicana. A Reforma surgiu na Alemanha, com Martinho Lutero, criador da religião luterana.

2. AS CAUSAS DA REFORMA:
 o clero católico estava muito ligado à vida material, deixando de lado o apoio espiritual aos seus fiéis, além de pouco preparado para a prática do sacerdócio;
 a corrupção e abusos praticados pela Igreja Católica (como a venda de indulgências – o perdão dos pecados -, de “relíquias sagradas” e de cargos eclesiásticos);
 os Papas estavam mais ligados às disputas de poder do que com as necessidades do povo, além de terem um comportamento que muitos criticavam (ex.: o Papa Sisto IV entregou diversos cargos a seus parentes e o Papa Alexandre VI teve amantes e filhos);
 o desenvolvimento da imprensa (Gutenberg) ajudou muito no surgimento da Reforma, pois permitiu que as Bíblias fossem editadas em maior número e até em outras línguas, e não mais em latim, língua que praticamente só o clero entendia;
 importante: grande parte da burguesia apoiou a Reforma, pois esta classe cada vez ganhava mais dinheiro com a expansão marítima e comercial no início dos tempos modernos. Porém, a exigência do “justo preço” e a condenação da usura (empréstimos), defendidas pela Igreja Católica, prejudicavam os lucros da burguesia;
 havia grande liberdade da Igreja frente ao poder político dos reis. Por outro lado, também havia a interferência do clero no poder de muitos reis. E, claro, isso não interessava aos reis. Por isso, alguns desses reis vão apoiar a Reforma (ex.: Henrique VIII, na Inglaterra);
 grande parte dos capitais (dinheiro) recolhidos pelo clero, em toda a Europa, era mandada para Roma. Isso também não interessava nem à burguesia, nem aos reis de alguns países;
 a Igreja não pagava impostos pelos vastos territórios que tinha na Europa. E os reis, parte da nobreza e até a burguesia “estavam de olho” nessas terras e nesses impostos;
 a mudança de pensamento provocada pelo Renascimento – como o antropocentrismo e o espírito crítico - ajudou no surgimento da Reforma também, pois fez com que muitas pessoas perdessem o medo de criticar as verdades da Igreja Católica.

3. COMO ERA A DOUTRINA CATÓLICA:
A Bíblia é a fonte da fé e deve ser interpretada somente pelos padres; a salvação ocorre pela fé e pelas boas obras; os sacramentos são sete (o batismo, a crisma, a eucaristia, o matrimônio, a penitência, a ordem e a extrema-unção); o ritual é a missa em latim. Locais de maior penetração da Igreja Católica: Portugal, Itália, sul da Alemanha, maioria da França, parte da Irlanda.

4. OS PRINCIPAIS REFORMADORES:
Martinho Lutero (Alemanha), João Calvino (Suíça) e Henrique VIII (Inglaterra).

MARTINHO LUTERO (1483-1546)
Em 1517, o papa Leão X lançou a venda de indulgências (o perdão dos pecados) para arrecadar dinheiro para a reconstrução da basílica de São Pedro, no Vaticano. Lutero, um monge agostiniano, escandalizou-se com essa salvação comprada a dinheiro. E fixou na porta da Igreja de Wittenberg um manifesto público – as 95 Teses – em protesto contra a venda de indulgências e onde também expunha os elementos de sua doutrina.
Em 1520, Lutero é excomungado pelo papa. Lutero queima em praça pública o documento que o condenava (a bula papal Exsurge Domine). Lutero foi apoiado por parte da nobreza, pela burguesia e por camponeses e artesãos urbanos. Lutero foi considerado herege pela Igreja Católico, mas, por contar com apoio da nobreza, não foi punido. Sob a proteção do príncipe da Saxônia, traduziu a Bíblia latina para o alemão, tornando-a o primeiro documento escrito em língua alemã moderna.
Mas é bom lembrar que Lutero também foi apoiado pela nobreza e pela alta burguesia porque condenou a revolta dos camponeses, em 1524. Estes, liderados por Thomas Münzer, organizaram uma série de revoltas contra sacerdotes ricos e nobres, donos de grandes propriedades de terras. Os camponeses queriam a posse das terras e o fim da exploração a que estavam submetidos. No final, morreram mais de mil camponeses e Münzer foi decapitado.
Um grupo de príncipes protestantes, em 1531, formou uma liga político-militar (Liga de Smalkalde) para lutar contra o imperador católico Carlos V. Até que, em 1555, esse imperador aceitou a existência oficial da Igreja Luterana, assinando com os protestantes a Paz de Augsburgo.
A doutrina luterana: a Bíblia é a fonte da fé, permitindo-se seu livre exame; salvação pela fé em Deus; os sacramentos são apenas o batismo e a eucaristia; o culto é simples e em língua alemã; fim da hierarquia católica (todos são pastores), do celibato e da adoração de santos; submissão da Igreja Luterana ao Estado. Locais de maior penetração: norte da Alemanha, Dinamarca, Noruega e Suécia.

JOÃO CALVINO (1509-1564)
Em 1534, as autoridades católicas francesas, começaram a perseguir os suspeitos de heresias. Calvino, que era francês, fugiu para a Suíça. Calvino, então, desenvolveu sua doutrina. Ele passou a defender a ideia de que o ser humano estava predestinado de modo absoluto a merecer o céu ou o inferno após a morte. Por culpa de Adão, todos os homens já nasciam pecadores. Mas Deus tinha eleito algumas pessoas para serem salvas, enquanto outras seriam condenadas à maldição eterna.
Mas como as pessoas saberiam estaria predestinadas à salvação de suas almas após a morte? Importante: Calvino afirmou que a fé existente em algumas pessoas e a prosperidade econômica (a riqueza material) seriam sinais de que elas pertenceriam ao grupo dos eleitos por Deus à salvação. Dessa maneira, Calvino criou uma religião que a burguesia aceitou muito bem, já que o lucro era justificado por essa nova religião: “quanto mais eu enriqueço, mais Deus está mostrando que minha alma será salva”.
É bom lembrar que o jogo, o culto a imagens, a dança, o adultério e a heresia eram atitudes condenadas pelo calvinismo. Muitos até foram condenados à morte, em fogueiras, por isso.
A doutrina calvinista: todos estão predestinados a terem suas almas salvas ou não; a Bíblia é a única fonte da fé, permitindo-se seu livre exame; a salvação ocorre pela fé e pela graça de Deus; os sacramentos são apenas o batismo e a eucaristia; o culto é simples e em língua nacional; fim da hierarquia católica (todos são pastores), do celibato e da adoração de santos; submissão da Igreja Calvinista ao Estado. Locais de maior penetração: Suíça, Holanda, parte da França (huguenotes), Inglaterra (puritanos), Escócia (presbiterianos).

HENRIQUE VIII (1509-1547)
Henrique VIII, rei da Inglaterra, rompeu com a Igreja Católica e fundou uma Igreja nacional da Inglaterra, isto é, a Igreja Anglicana. O rei inglês queria diminuir a influência política do Papa dentro da Inglaterra e a nobreza tinha interesse nas terras do clero católico, além dos fatores já citados anteriormente. A “gota d’água” para o rompimento com a Igreja Católica foi o fato de que o papa recusou-se a aceitar o pedido de divórcio feito por Henrique VIII em 1529, já que sua esposa, Catarina de Aragão, não lhe dava um filho homem para herdar o trono. O rei inglês queria se casar com Ana Bolena, mas o papa não aceitava sua separação. Além disso, Catarina era espanhola, e a Espanha era inimiga da Inglaterra.
Henrique VIII conseguiu que o alto clero inglês e o Parlamento reconhecessem a validade de suas intenções e obteve o divórcio. Em 1534, o Parlamento inglês votou um Ato de Supremacia, pelo qual considerava o rei o chefe supremo da Igreja nacional anglicana. Os ingleses passaram a ter que submeter-se a essa nova Igreja, caso contrário seriam excomungados e perseguidos pela justiça do rei.
A doutrina anglicana: a Bíblia é a fonte da fé, deve ser interpretada pela Igreja, mas se permite seu livre exame; a salvação ocorre pela fé e pela graça de Deus (predestinação); os sacramentos são o batismo e a eucaristia; o culto conserva a forma católica (liturgia), com a hierarquia da Igreja católica, mas a missa é rezada em língua inglesa; o rei é a autoridade máxima da Igreja Anglicana; a existência dos santos também não é aceita. Local de maior penetração: Inglaterra.

CONSEQUÊNCIAS DA REFORMA
Por causa da Reforma, ocorreu o enfraquecimento do poder político da Igreja católica; aumento do poder político dos reis; fortalecimento econômico da burguesia, principalmente graças ao calvinismo; conflitos entre católicos e protestantes; surgimento da Contrarreforma pela Igreja Católica.

5. A CONTRARREFORMA
A Igreja Católica não ficou quieta diante da Reforma Protestante. A fim de assegurar a unidade da doutrinada Igreja Católica e combater a Reforma, o papa Paulo III convoca o Concílio de Trento, que, após vários encontros das autoridades religiosas, entre 1545 e 1563, toma as seguintes medidas:
 reafirmação da infalibilidade do papa (o que o papa afirmar é verdade e não pode ser contestado);
 proibição da venda de indulgências e relíquias sagradas;
 criação de seminários para formação intelectual e religiosa do futuro clero;
 são mantidos o celibato clerical, além das obras e dos sete sacramentos, como fundamentais para salvação da alma;
 a reafirmação de que, no ato da eucaristia, ocorria a presença real de Cristo no pão e no vinho (o que era rejeitado pelos protestantes);
 a doutrina religiosa tem como fundamento a Bíblia, cabendo à Igreja Católica dar-lhe a interpretação correta;
 reativação da Inquisição pelo Tribunal do Santo Ofício, para julgar e punir as heresias a os partidários de outras religiões;
 criação de um índice de livros proibidos (Index Librorum Prohibitorum), pelo Tribunal do Santo Ofício, em 1564;
 criação da Companhia de Jesus, em 1534, por Inácio de Loyola Brandão, aprovada pelo Concílio. A Ordem dos jesuítas passa a divulgar a fé católica, através da catequese, no restante do mundo, principalmente na América. Inspirando-se na estrutura militar os jesuítas consideravam-se os “soldados” da Igreja, atuando através das escolas religiosas e da catequese para conseguir novos fiéis através da conversão ao catolicismo.

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