domingo, 12 de junho de 2011

A BAIXA IDADE MÉDIA

A BAIXA IDADE MÉDIA (1096-1453)
E A CRISE DO FEUDALISMO
1. INTRODUÇÃO
A Idade Média foi dividida em dois períodos pelos historiadores: a Alta Idade Média e a Baixa Idade Média, sendo que este último foi o período entre os séculos XIII e XV. A Baixa Idade Média corresponde à fase em que as principais características da Idade Média, principalmente o feudalismo, estavam em processo de transformação. Ou seja, foi uma época em que o sistema feudal estava entrando em crise. Como veremos anchietano, muitas mudanças econômicas, religiosas, políticas e culturais ocorrem nesse período!

2. CRESCIMENTOS ECONÔMICO, TECNOLÓGICO E POPULACIONAL.
Desde o século XI, havia um avanço tecnológico na área agrícola. O desenvolvimento do arado de ferro com rodas, do moinho hidráulico e a utilização da atrelagem dos animais (bois e cavalos) pelo peito representaram uma evolução agrícola importante, trazendo um aumento significativo na produção dos gêneros agrícolas. Isto é, graças a estas inovações técnicas, houve uma expansão da agricultura, com a ampliação de áreas para o cultivo, incluindo os bosques, os pântanos,....
Esse século também foi marcado também pela diminuição nas guerras. Vivenciou-se neste período uma situação de maior tranquilidade em função do fim das Cruzadas (sobre esse assunto, lê o texto adicional neste polígrafo). Este clima de paz, em conjunto com o aumento na produção de alimentos, significou um significativo aumento populacional no continente europeu. Este crescimento demográfico foi interrompido em meados do século XIV com a peste bubônica, que matou cerca de um terço da população europeia.

3. A IMPORTÂNCIA ECONÔMICA DAS CRUZADAS
O movimento das Cruzadas foi à organização de inúmeros exércitos europeus sob o comando de reis ou nobres, que foram convocados pelo Papa Urbano II, em 1095,para investir contra mulçumanos e assim defender a peregrinação de cristãos aos lugares sagrados como Jerusalém, na chamada Terra Santa (atual região da Palestina). È importante lembrar que os turcos proibiram a peregrinação cristã até os lugares santos no Oriente. Por outro lado, os cavaleiros cristãos enxergaram a possibilidade de obter terras e se tornarem grandes senhores feudais na Palestina. Além disso, os poderosos puderam se “livrar” das camadas miseráveis da sociedade. E as cidades comerciais
italianas, por sua vez, viram a oportunidade de reabrir e dominar as rotas comerciais com
o Oriente e restabelecer o lucrativo comércio das especiarias, que havia caído quase em
esquecimento entre os séculos V e X.
As consequências das Cruzadas tiveram um importante papel da desestruturação do
sistema feudal. Essas consequências foram as seguintes:
 reabertura do mar Mediterrâneo e o desenvolvimento do intercâmbio comercial entre
o Ocidente e o Oriente, como consequência da expulsão dos muçulmanos, que
dominavam esse espaço antes das Cruzadas;
 o renascimento urbano, também por causa do citado acima;
 fortalecimento do poder real, em virtude do empobrecimento dos senhores feudais
que se dedicaram às guerras contra os árabes muçulmanos, e
 o surgimento de novas rotas comerciais e das feiras medievais. Quando retornavam
das Cruzadas, lá na Terra Santa, muitos cavaleiros saqueavam, ao longo do caminho,
muitas= cidades do mundo árabe. O material destes saques (joias, tecidos, temperos,
etc.) era comercializado no caminho em direção à Europa. Assim, surgiram essas novas
rotas e feiras já citadas.

4. O PAPEL DA BURGUESIA NA CRISE FEUDAL
Nos burgos (cidades medievais) juntavam-se pessoas que não pertenciam a nenhum grupo social típico do feudalismo; não eram nobres, clérigos ou servos. Esses se dedicavam ao comércio e a produção artesanal, estava surgindo um novo grupo social. Então, foi neste contexto que começou a surgir uma nova camada social: a BURGUESIA. Como vimos, esse grupo morava nos burgos medievais, que eram as cidades comerciais que se desenvolveram fora das muralhas dos castelos ou até mesmo fora dos feudos. E foi justamente na Baixa Idade Média, na época da decadência feudal e do crescimento comercial, que surgiram esses núcleos urbanos. Com o aquecimento do comércio surgiram novas atividades como, por exemplo, os cambistas(trocavam moedas) e os banqueiros (guardavam dinheiro, faziam empréstimos, etc.). Além disso, esses novos grupos sociais (burgueses, cambistas, banqueiros, etc.) passaram a começar a se preocupar com a aquisição de conhecimentos, o que também melhoraria seus negócios Este fato fez surgir, nos séculos XII e XIII, várias universidades na Europa. Estas instituições de ensino dedicavam-se ao aos conhecimentos matemáticos, teológicos, medicinais e jurídicos. A ciência, portanto, começava a ganhar um impulso crescente, rompendo com o pensamento teológico, baseado em explicações religiosas.
5. A IMPORTÂNCIA DOS BURGOS MEDIEVAIS
Dedicados ao comércio, os burgueses enriqueceram e dinamizaram a economia no final da Idade Média. Esta nova camada social necessitava de segurança e buscou construir muros em volta de uma pequena vila. Surgiam assim os burgos que, com o passar do tempo, deram origem a várias cidades
(renascimento urbano). Inclusive, a burguesia iniciou uma luta pela emancipação de várias cidades sob domínio dos senhores feudais. Os burgos nasceram como entraves dentro do sistema feudal. Ainda, a necessidade de se fortalecer perante os senhores feudais, favoreceu a união dos burgos em ligas de comércio. A mais poderosa foi a Liga Hanseática, que dominava o comércio em toda a região do mar Báltico e do mar do Norte.
Seu centro era a cidade alemã de Lubeck, mas abrangia também Londres, Bruges e
Antuérpia.
As cidades passaram a significar maiores oportunidades de trabalho. Muitos habitantes
da zona rural passaram a deixar o campo para buscar melhores condições de vida nos
burgos europeus, caracterizando aquilo que chamamos de êxodo rural. Até mesmo muitos
servos, que conseguiam fugir de seus senhores feudais, começaram a ir para os burgos,
buscando uma vida melhor. Com a diminuição da sua mão-de-obra, os senhores feudais
tiveram que mexer nas obrigações dos servos que continuavam trabalhando para ele,
diminuindo os impostos e taxas. Em alguns feudos, chegaram a oferecer pequenas
remunerações para os servos. Estas mudanças significaram uma transformação nas
relações de trabalho no campo, desintegrando o sistema feudal de produção.
6. A CRISE DO SÉCULO XIV
O final da Idade Média é marcado por uma séria crise social, econômica e política,
cujas origens se encontram na Guerra dos Cem Anos, na Peste Negra e na fome, todas
responsáveis pelas revoltas dos servos e vilões.
6.1 - CRISE SÓCIO-ECONÔMICA
Como vimos acima, a partir do século XI houve uma expansão da agricultura. Ocorre
que, a partir do século XIII, as terras de boa qualidade estavam ficando cada vez mais
raras, acarretando uma diminuição na produtividade. Soma-se a isto, uma série de
transformações climáticas na Europa, responsáveis pela perda de colheitas e gerando uma
escassez de alimentos e períodos de fome (nos anos 1315 a 1317, 1362, 1374 a 1438).
As sucessivas crises agrícolas provocaram uma enorme escassez de mão-de-obra, levando
os servos a fazerem mais exigências por melhores condições de vida. Muitos servos até
conseguiram comprar a sua liberdade. Em algumas regiões, no entanto, a exploração sobre
os servos até aumentou, acarretando várias revoltas camponesas.
Tanto em um caso (abertura do sistema, quando o servo adquire a sua liberdade), como no
outro (fechamento do sistema, quando a exploração sobre os servos se torna ainda maior)
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o resultado será o agravamento da crise feudal e o início de um novo conjunto de relações
sociais.
6.2 - CRISE POLÍTICA
O período medieval foi marcado pelos conflitos militares, dada a agressividade da
nobreza feudal. Entre estes conflitos, A Guerra dos Cem Anos (1337/1453) merece
destaque. Esse conflito ocorreu entre o reino da França e o reino da Inglaterra, motivado
por fatores:
 políticos - a sucessão do trono francês entre Filipe de Valois, da França, e
Eduardo III, rei da Inglaterra - e
 econômicos - a disputa pela região da Flandres (no norte da atual Bélgica),
importante área produtora de manufaturas.
Ao longo do combate, franceses e ingleses obtiveram vitórias significativas. Entre
seus principais personagens, destaque para a figura de Joana d'Arc (ver figura abaixo, à
esquerda), que no ano de 1431 foi condenada à fogueira. Após a sua morte os franceses
expulsaram os ingleses, vencendo a guerra.
Esta longa guerra prejudicou a economia dos dois reinos e contribuiu para o
empobrecimento da nobreza feudal e, consequentemente, o seu enfraquecimento político.
Ao mesmo tempo em que a nobreza perdia poder, a autoridade do rei ficava fortalecida,
beneficiando o processo de construção das Monarquias Nacionais, onde os reis terão
muito mais poder sobre os senhores feudais, chegando ao ponto de combater vários
destes para centralizar cada vez mais o poder.
Outro fator que contribuiu para a crise do sistema feudal foi a Peste Negra (figura
abaixo, à direita) Enfraquecida pela fome, a população europeia ficou vulnerável às
epidemias, como no caso da Peste Negra, trazida do Oriente. Essa doença foi provocada
pelo bacilo pasteurela pestis, que é transmitido pela picada da pulga que vive no rato. As
péssimas condições de higiene também contribuíram para o rápido alastramento da
doença. Os mais pobres foram os mais atingidos pelas desgraças da Guerra dos Cem Anos,
da fome e da peste. Calcula-se que um terço da população europeia desapareceu! Devido a
tudo isso, os camponeses propiciaram novas e poderosas rebeliões contra os poderosos
senhores feudais. E isso favoreceu ainda mais a desestruturação do sistema.
FONTES
http://noseahistoria.wordpress.com/os-alunos-e-a-historia-2/guerra-dos-cem-anos/
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http://apostilavirtual.zip.net/images/idademedia.jpg
http://www.suapesquisa.com/idademedia/baixa_idade_media.htm
http://www.mundovestibular.com.br/articles/Paacutegina1.html
http://pt.wikipedia.org/wiki/Burgo
http://fsalvari.blogspot.com/2010/09/resumo-baixa-idade-media.html
http://2.bp.blogspot.com/cidade+medieval.jpg
http://www.brasilescola.com/upload/e/usura.JPG
http://4.bp.blogspot.com/CRUZADAS.jpg
http://jornale.com.br/wicca/wp-content/uploads/2009/07/cruzadas.jpeg
http://cinegarimpo.com.br/wp-content/uploads/2009/11/cruzada1.jpg
http://tnmoyenage.tableau-noir.net/jacquerie.html
Adaptação: Paulo Jardim

TEXTO ADICIONAL
ENTENDENDO MELHOR AS CRUZADAS
De 1096 a 1270, expedições foram formadas sob o comando da Igreja, a fim de
recuperar Jerusalém (que se encontrava sob domínio dos turcos seldjúcidas) e reunificar
o mundo cristão. Essas expedições foram chamadas de Cruzadas.
A Europa do século XI prosperava. Com o fim das invasões bárbaras, teve início um
período de estabilidade e um crescimento do comércio. Consequentemente, a população
também cresceu. No mundo feudal, apenas o primogênito herdava os feudos, o que
resultou em muitos homens para pouca terra. Os homens, sem terra para tirar seu
sustento, se lançaram na criminalidade, roubando, saqueando e sequestrando. Algo
precisava ser feito.
Jerusalém, a Terra Santa, pertencia ao domínio árabe e até o século XI eles
permitiram as peregrinações cristãs à Terra Santa. Mas, no final do século XI, povos da
Ásia Central, os turcos seldjúcidas, tomaram Jerusalém. Convertidos ao islamismo, os
seldjúcidas eram bastante intolerantes e proibiram o acesso dos cristãos a Jerusalém.
Em 1095, o papa Urbano II convocou expedições com o intuito de retomar a Terra
Sagrada. Os cruzados (como ficaram conhecidos os expedidores) receberam este nome
por carregarem uma grande cruz, principal símbolo do cristianismo, estampada nas
vestimentas. Em troca da participação, ganhariam o perdão de seus pecados.
A Igreja não era a única interessada no êxito dessas expedições: a nobreza feudal
tinha interesse na conquista de novas terras; cidades mercantilistas como Veneza e
Gênova deslumbravam com a possibilidade de ampliar seus negócios até o Oriente e todos
estavam interessados nas especiarias orientais, pelo seu alto valor, como: pimenta-doreino,
cravo, noz-moscada, canela e outros. Movidas pela fé e pela ambição, entre os
séculos XI e XIII, partiram para o Oriente nove Cruzadas:
 A Cruzada Popular ou dos Mendigos (1096) foi um acontecimento extraoficial que
consistiu em um movimento popular que bem caracteriza o misticismo da época e
começou antes da Primeira Cruzada oficial. O monge Pedro, o Eremita, graças a suas
pregações comoventes, conseguiu reunir uma multidão. Entre os guerreiros, havia uma
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multidão de mulheres, velhos e crianças. A maioria morreu nos confrontos contra os
muçulmanos. Os muçulmanos mal imaginavam que aquela era apenas a primeira invasão
e que cavaleiros bem mais preparados ainda estavam por vir.
 a primeira Cruzada oficial (1096 – 1099) não tinha participação de nenhum rei.
Formada por cavaleiros da nobreza, em julho de 1099, acabou tomando Jerusalém;
 A segunda (1147 – 1149) fracassou em razão das discordâncias entre seus líderes Luís
VII, da França, e Conrado III, do Sacro Império. Em 1189, Jerusalém foi retomada
pelo sultão muçulmano Saladino;
 a terceira Cruzada (1189 – 1192), conhecida como „”Cruzada dos Reis”, contou com a
participação do rei inglês Ricardo Coração de Leão, do rei francês Filipe Augusto e do
rei Frederico Barbarruiva, do Sacro Império. Nessa cruzada foi firmado um acordo
de paz entre Ricardo e Saladino, autorizando os cristãos a fazerem peregrinações a
Jerusalém.
 A quarta Cruzada (1202 – 1204) foi financiada pelos venezianos, interessados nas
relações comerciais;
 A quinta (1217 – 1221), liderada por João de Brienne, fracassou ao ficar isolado pelas
enchentes do Rio Nilo, no Egito;
 A sexta (1228 – 1229) ficou marcada por ter retomado Jerusalém, Belém e Nazaré,
cidades invadidas pelos turcos;
 A sétima (1248 – 1250) foi comandada pelo rei francês Luís IX e pretendia,
novamente, tomar Jerusalém, mais uma vez retomada pelos turcos. E, finalmente,
 A oitava (1270) e última Cruzada foi um fracasso total.
As Cruzadas não conseguiram seus principais objetivos, mas tiveram outras
consequências como o enfraquecimento da aristocracia feudal, o fortalecimento do poder
real, a expansão do mercado e o enriquecimento do Oriente.

TU SABIAS QUE...
Houve uma Cruzada das Crianças?! Ela teve origem na França e na Alemanha, no ano de
1212. Esta cruzada teria ocorrido entre a Terceira e a Quarta Cruzada e seria um
movimento extraoficial, baseado na crença que apenas as almas puras (no caso as
crianças) poderiam libertar Jerusalém. A
ideia teria surgido após a notícia de que
Constantinopla, uma cidade cristã, tinha
sido saqueada pelos cruzados, fazendo
cristão crerem que não se poderia confiar
em adultos.
Ao todo, cinquenta mil crianças teriam
sido colocadas em navios, saindo do porto
de Marselha (França) rumo a Jerusalém.
O resultado foi um desastre, pois a
maioria das crianças morreu no caminho,
de fome ou de frio. Algumas chegaram somente até a Itália, outras se dispersaram, e
houve aquelas que foram sequestradas e escravizadas pelos muçulmanos.
http://www.brasilescola.com/historiag/cruzadas.htm
Adaptação: Paulo Jardim

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